terça-feira, 23 de julho de 2013

O que será que nós queremos com Deus, afinal?

Título sugestivo, porém, auto-explicativo.

O título é adequado para provocar uma reflexão séria e honesta sobre o que nós realmente desejamos da figura do Criador. Longe de mim ser arminiano e dizer que Deus faz tudo o que eu quero na hora em que eu quero porque Ele me ama - aliás, ouso dizer que isso soa um tanto ridículo, quando falamos de quem detém todo o Poder, Honra e Glória - porém, a partir de minhas observações do cotidiano, posso afirmar que as pessoas realmente não estão interessadas em quem é Deus e sim no que Ele pode dar a nossa vida aqui, no mundo.

Na madrugada de domingo para segunda fui com minha esposa ao pronto-socorro. Ela sentia fortes dores no peito e ficou em observação enquanto era medicada. Durante tal tempo, ficamos expostos à "programação doutrinária" da IURD no televisor da sala de repouso. Não precisa ser Calvinista, teólogo, apologeta ou especialista para notar que a Bíblia passou longe dali. Basta ter bom senso.

Não digo que não existam pessoas ali que legitimamente postulam um conforto às suas aflições junto ao Senhor, pois a Verdadeira Igreja (e a presença de Deus) se estabelece com a reunião de dois ou mais em nome do Senhor (Mt 18:20) e não com as instalações físicas da mesma, e não somos pedra de esquina ou desprovidos de trave nos olhos (Lc 6:41) para dizer quem ali tem fé ou não no Senhor, porém o que mais intriga são as motivações diversas que levam milhares aos "congressos empresariais" ou "congressos para o sucesso" que a IURD realiza toda segunda-feira com seus 318 pastores fazendo proselitismo de interpretações pouco sustentáveis de trechos da Palavra, porém que são como verdadeiro bálsamo para as aflições mais comuns daqueles que possuem a fé dentro de si tal qual pedra rugosa, necessitando de lapidação adequada.

Ao longo de 3 horas, repetiram-se à exaustão primados como "revolte-se contra sua situação", "ensinaremos como usar sua fé para mudar sua vida financeira", "seu emprego não te paga o suficiente porque não é abençoado", "seu negócio não prosperou porque Deus não te deu a visão ampla do que vai ser benção pra você", entre outras pérolas. Mas o esforço maior não era "vender" a idéia de que a fé é consectário lógico da prosperidade, e sim de que todas as visões críticas acerca das práticas nada usuais da IURD são, na verdade, preconceito. Sim, caro leitor, preconceito, como se eles fossem o povo da aliança dos novos tempos, perseguido por egípcios, neemitas e outros "itas", escondidos nas outras denominações religiosas, portadores do "canal direto de benefícios do criador" e que se existem articulistas como este que vos fala, que não concordam e acham tais procedimentos um exemplo claro de aberração, o fazem porque não conseguem desfrutar dessa "exclusividade". Nada poderia ser mais vazio.

Acho que, neste caso, citar todos os versículos bíblicos que regem nossa relação com o Criador seria desnecessário e pouco prático, pois quem tem conscência da relação pessoal com Deus e sua função em nossas vidas, sabe que Ele não é afeto às coisas do mundo, e, para tanto, deixou-nos claro que nos proveria o que necessitassemos (Mt 6:25-33), desde que nós buscássemos o Reino dos Céus, para que nos fosse acrescentado tudo aquilo que nos é de fato necessário. No comando bíblico temos uma premissa clara: nosso foco é o Reino dos Céus, a SALVAÇÃO. O que nos é acrescentado materialmente aqui, ao talante do Criador, é porque ele entende que nos é necessário para cumprir Seus propósitos.

Por fim, repito, tal qual um "mantra", o que diz a Palavra em João 16:33: Tenho vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.

Ninguém disse que seria fácil ou velozmente abrandado, conforme a nossa conveniência. Tudo o é de acordo com a Glória do Senhor.

Diante disso, pergunto: o que você quer com Deus, afinal? A resposta, Ele já sabe desde antes da criação do mundo.

Fiquem em paz.


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