quarta-feira, 5 de abril de 2017

Precisar de reconhecimento ou reconhecer o seu ser?


A necessidade que temos de reconhecimento chega a ser algo instintivo, e quando essa necessidade não encontra eco da maneira que imaginamos, nos conduz a uma cadeia de frustrações e sentimentos fragilizantes, os quais minam, de maneira perene, tudo que planejamos, sonhamos e sentimos sobre determinados momentos e realizações em nossas vidas.

É muito difícil a ideia de administrar expectativas alheias sobre as nossas vidas e a forma como correspondemos - ou não - às expectativas daqueles que nos importam. Não tem sentido, na verdade, procurar satisfazer a outrem antes de se satisfazer. Essas expectativas se tornam um fardo que nos acompanha em cada momento, já que, por um falso sentimento de gratidão, entendemos que devemos satisfazer, ainda que minimamente, àqueles que nos proporcionaram o acesso a quem somos e quem podemos ser dentro de nossa vida privada e pública.

Pois é. Mas querer ser o que não somos só nos debilita, fraqueja e dói.

Sinto isso neste momento: vejo que pessoas importantes são capazes de ignorar os progressos alheios em nome dos próprios conceitos e interesses, sendo ao mesmo tempo incapazes de parabenizar ou expressar orgulho pelo progresso não obtido da forma por estas pessoas idealizado. Fragilizam um momento sensível, de pressão e forte teor decisivo simplesmente porque não é aquilo que idealizaram para você. Projetaram, imaginaram e sonharam, mas esqueceram de combinar o resultado com o personagem principal: você!

Não combinaram nada comigo sobre quem eu deveria ser para agradar. Não me perguntaram quem eu queria de verdade ser ou me libertaram de ter que expor e explicar isso. E, quando minha vida tem um salto, fazem questão de me manter amarrado ao solo. Eu não quero mais isso, mas não sei como fazer sem parecer ingrato. E isso é pesado.

Como não ser ingrato? Este é um dilema dos mais complexos na cabeça daqueles que se sentem de alguma forma devedores para uma ou mais pessoas que, com apoio precioso, proporcionaram coisas que normalmente poucos tem acesso durante a sua construção pessoal. Não quero jamais parecer ou mesmo ser ingrato, mas será que me tornar o que não tenho vontade de ser é a melhor forma de expressar que sou feliz por ter recebido tanto para me tornar quem sou?

Eu me sinto infeliz com esses dilemas. Mas minha vida não precisa de dilemas, precisa de certezas, e certeza é que Deus jamais abandonou aquele que n'Ele crê. O mais me parece ser de somenos importância. Não se trata de discurso religioso, trata-se, na verdade, de buscar refúgio em algo muito maior do que os dilemas da existência, de que as (in)gratidões e as expectativas sejam capazes de refletir a anulação de nossos egos.

Trata-se de crescer, vicejar e vencer. Pois quem te ama, sempre há de torcer por você, mesmo quando não há concordância, seja no que se espera ou no que ainda há de ser.

Deus nos trata a todos com misericórdia, amor e respeito, independentemente do que fazemos. Precisamos mesmo dos aplausos de alguém?


terça-feira, 28 de março de 2017

Breves comentários de quem conhece algo, ainda que pouco, sobre muitos comentários contra o que não se conhece.

Tentei postar esta resposta ao IACS - Heresias, mas como o Blogger não deixa, transformei em postagem e vou mandar o link para o Sr. Fernando, responsável pelo texto que terá todo o espaço que precisar para rebater meus pontos, com muito respeito a nossa clara divergência.

Prezado Sr. Fernando:

Quero dizer, inicialmente, que não vejo qualquer maldade em suas postagens, muito embora elas sejam fundamentalmente falhas, no que tange a realidade do simbolismo maçônico como concebido originalmente. Os franceses são os maiores culpados destas "arestas" que pastores mal informados e apologetas "espantalhistas" usam para alegar conexões macabras e outros quetais à ordem maçônica.

No mesmo viés, digo ao Sr. (assim como também afirmei sobre uma defesa feita pelo Rev. Augustus Nicodemus neste tema) de que sem a informação adequada, somente a conveniente, encontramos a verdade que queremos achar e não a que precisamos saber.

Por primeiro, tomo como referência o estudo feito pelo SC da IPB sobre o tema, utilizando-se somente de rituais do REAA, um rito francês, esoterista, instituido por católicos escoceses alinhados a martinistas e outros "mágicos", sincrético e que distorce MUITO do real sentido do que foi concebido pela GL de Londres em 1717. Tudo aquilo que é de matiz francesa denigre a imagem da maçonaria desde que os evangélicos pararam de precisar dos favores dos hereges (presbiterianos, minha denominação, metodistas, batistas e outros contaram com os salões sociais das lojas maçônicas para fugir da perseguição católica no séc. XIX, contaram com gráficas de maçons para imprimir suas bíblias e informativos, etc.).

O que eu acho falho nas denominações que colocam os maçons em empalamento público nos seus pátios é que NENHUMA DELAS - como a IPB por exemplo - admite que abriu a caça aos maçons para neutralizar politicamente a atuação dos mesmos dentro das Assembléias Gerais das denominações. Que há 0,001% de teologia e 99,999% interesse na manutenção do poder (no caso da IPB, na tomada dele pelo grupo do Hernandes Dias Lopes) e o isolamento e devastação dos presbitérios onde todos ou quase todos eram maçons.

A maçonaria serve muito bem ao papel de "bode expiatório" para os jogos de poder intra-muros das Igrejas Evangélicas. Falta bom senso para que os pastores "apontadores de hereges" e os apologetas "que sabem tudo", busquem saber quais são as reais bases da ordem maçônica e o que ela realmente ensina (já que seus textos mais básicos foram, por acaso, compilados e constituídos por um pastor presbiteriano).

Procure material sobre os landmarks, a essência do ritual inglês (emulação, bristol, entre outros) e o rito inglês antigo ou york, praticado nos EUA, onde NÃO HÁ qualquer possibilidade do VLS (volume da lei sagrada) ser outro Livro que não a Bíblia Sagrada, por completa dissonância ritualistica. Na qual há respeito ao credo alheio e abertura para que aquele que não compartilha da sua forma de ver a fé, participe da oração dentro de suas crenças (não politeistas ou ateistas, OBVIO), pedindo para aquele momento a proteção de Deus Altíssimo (assim chamado nominalmente nos rituais originais da maçonaria regular, sem bandalheira e esoterismo francês), com respeito à interpretação do outro e sem a invocação de qualquer "santo", e sem as tão temidas "penalidades simbólicas", excluidas há muito dos ritos de matriz inglesa e erroneamente mantidos nos ritos franceses, que os evangelicalóides desejosos de pertencer a algo tão exclusivista quanto o "cristianismo puro que só eles vêem", adoram mencionar como uma coisa diabólica. Maçonaria é o simbolismo, os 3 graus. Altos graus do rito (quando ele tem, pois o Rito Schröeder não possui altos graus, além de não ter penalidade simbólica também, para alívio dos apontadores de dedo evangélicos de plantão), são à critério do maçom, que faz se quiser. Pior ainda é ver os evangélicos "entendidos" de maçonaria que falam que existem sub sociedades secretas nos altos graus e outras estultices, que lá se invoca o demônio e que você maçom que nunca foi chamado a isso é um ninguém desimportante e que ignora a verdade. Piada de mau gosto de quem fala do que não sabe. E eu tenho CERTEZA que a grande maioria dos apologetas "defensores incansáveis da única religião verdadeira sobre a face da terra trazida pelo Cristo" não sabe mais do que aquilo que lhes interessa para dar um parecer negativo sobre algo que temem por não conhecer.

Mas eu tenho certeza que vamos ter como resposta uma interpretação extensiva do "jugo desigual" e o papo da "verdadeira religião" que é o cristianismo. Acredita nela quem quer, quem está em busca de salvação à moda cristã (que tem um cardápio enorme de opções não harmonizadas, frise-se).
Maçonaria não salva, não tem soteriologia de nenhuma espécie (pode virar os rituais de qualquer rito regular do avesso, até mesmo os de origem francesa como o REAA, Adonhiramita e Moderno, ou até mesmo o Rito Brasileiro que é uma mistura dos diversos ritos existentes, que não tem qualquer doutrina salvacionista, e nos landmarks, tampouco. Se disser que leu no Mackey ou outro escritor, é a opinião DELE, não reflete a realidade dos estamentos da ordem maçônica. Calvino e Lutero não pensavam igual e presbiterianos não chamam luteranos de hereges e vice versa. Edir Macedo e RR Soares são considerados brilhantes apologetas por muita gente, mas nem por isso eles conseguem mudar o que está escrito na Bíblia, por mais que se esforcem nesse sentido). A salvação, assim compreendida, é assunto de foro íntimo de cada um. O maçom faz o bem porque entende que não pode se ver inerte diante da desgraça e do sofrer, não esperando recompensas dos céus, como certos grupos religiosos que estão mais interessados em crescimento financeiro caracterizado como reflexo do crescimento espiritual.

Por fim, entendo que seria mais honesto que as denominações, ao invés de procurar desculpas pra execrar os maçons, fossem curtos e grossos dizendo "não é do interesse do grupo dominante que tenhamos pessoas relacionadas socialmente com outras que podem se organizar externamente para mudar o panorama político-institucional de nossa igreja, Jesus não é a desculpa, a Bíblia não é a desculpa, o Espírito Santo não é a desculpa, a desculpa de verdade é a manutenção do status-quo, logo, se você quer se manter aqui, seja somente membro da igreja e aceite como as coisas são, não questione e nem se reúna fora daqui com outros membros, somente sob os nossos narizes e nos dando tempo para reagir e sufocar qualquer ideia que nos ameace, obrigado."

Você pode ter acesso a todos os rituais que quiser. Se não quiser fazer uma análise honesta e contextualizada deles, ficar tirando excertos que favorecem um discurso destrutivo, vai ser tão desonesto intelectualmente quanto aqueles que apedrejam a soberania Divina e a negação do livre arbítrio calvinista usando a condenação de Servet como desculpa pra desqualificar a tese.

(Aqui cabe uma historinha: antes de ser batizado, tive que aguardar a reunião secreta do conselho da igreja - mas é da igreja do cristo, a religião verdadeira, então pode ter reunião secreta, pode ter segredo, pode ter disputa de poder e combinações secretas - e fui abordado por um dos presbíteros que me deu um toque que ele JURAVA ser de algum grau. Eu calmamente disse: não reconheço este toque, se reconhecesse diria, pois não violaria qualquer segredo, porém não responderia da forma devida por uma questão de princípios, onde me comprometi a não revelar certas coisas a quem nada tem a ver com isso. Ele me afirmou que aprendeu aquele toque com o avô que era "bode preto" - o que é um bode preto, vai saber - e eu mudei o assunto com um sorriso, que era o que cabia para o momento.)

Ou esse mar de denominações que temos nasce de divergências teológicas? No duro? Tenho certeza que não. Tudo poder, controle e dinheiro.

Todos humanos, todos falhos, todos podres e réprobos. Alguns se julgam redimidos em Cristo, e, só por isso, já se colocam em condição de julgar e dizer o "certo e o errado" utilizando-se de trechos isolados da Bíblia para tal, com interpretações canhestras dignas de um Tribunal Brasileiro. Belo trabalho que Cristo fez redimindo gente assim. Custo a crer que Ele teria de fato feito isso. E por isso estou afastado da Igreja e assim continuarei (assim como não voltei para a Loja também, por outras razões de cunho pessoal), e se a Igreja se beneficia de ter um questionador a menos, eu me beneficio de não ser um controlado a mais.
Deus nos criou inteligentes para questionarmos a tudo e seguirmos a Ele, não aos homens que falam Dele como se donos fossem, pois estes devem ser enfrentados no alto de seu farisaísmo.

Com todo respeito,
Nilo

sábado, 7 de setembro de 2013

A Vida deve mudar para que possa ser vivida.


Graça e paz a todos.

Todo aquele que busca resistir as mudanças, cujas vem do Senhor, encontra-se em situação adversa, tal qual resistir com frágil barco ao mais revolto mar bravio.

Nos, viventes, crentes e não crentes estamos infalivelmente sujeitos aos desígnios do Senhor, e, por nossas limitações, ao não compreendermos tais câmbios, nos colocamos em modo de defesa, num resguardo desenfreado achando com aquela "fé" antropocêntrica que somos capazes de nos esforçar pela manutenção da circunstancia que melhor se amolda aos nossos confortos e costumes. Pobre daquele que realmente crê resistir aos fatos acontecimentos, postos e propostos pelo Deus todo poderoso.

Não nos comparemos, entretanto, a joguetes na mão do criador. Basta observar seu filho (caso os tenha), ou como um pai adverte seu filho:ele não o manipula, apenas instrui para que siga seu padrão ético comportamental.

E o que seria a Lei, senão a ética do Senhor? E quem somos nos senão filhos Dele, oriundos da sua vontade. Como é possível a criatura crer que possui realmente qualquer poder (seja de barganha ou de resistência) a quem lhe fez do pó e a partir de Sua manifesta e inconteste vontade? Você, que é falho, quando cede a qualquer capricho de seu filho, logo após se penitencia, observando que deixou de cumprir algo que para si mesmo lhe parecia evidente e insujeito a qualquer contrariedade. Porém, isto, além de tantas outras coisas é o que nos diferencia de Deus. Ele tem o domínio integral do universo e suas circunstancias, logo, não cederá a qualquer capricho, sendo ao mesmo tempo piedoso, quando percebe que nosso clamor é sinônimo de necessidade, nos abençoando a Seu tempo e a Seu modo.

Ouvi em uma pregação fantástica outro dia o seguinte: Deus jamais se atrasa. A hora e o tempo são Dele, e em Seu relógio só há uma hora: a certa. Esta frase resultou do tema da pregação, que era a chegada de Jesus a casa de Lázaro, o qual jazia morto a mais de 3 dias e exalava odores, porém, contando com a misericórdia divina, através de Seu Filho, que lhe trouxe de volta ao mundo dos vivos. Disto tiramos o seguinte: que, em primeiro lugar, nosso tempo e o de Deus são incompatíveis, visto não termos qualquer noção do que Ele planeja, e, tampouco, podemos influir nisso, logo, oremos para que nossos pleitos sejam tidos como reais necessidades, pois Deus as sabe; por segundo, para Deus jamais é tarde, pois, como Senhor do universo, também possui domínio sobre o tempo e os acontecimentos, logo, Ele realmente sabe qual é a hora certa, a hora da necessidade, a qual Ele disse que jamais deixaria de prover se nós, que Nele cremos, buscássemos primeiro o Seu Reino.
Diante de tudo que se expôs, tenho certeza que a pergunta é: o que o título tem a ver com o resto do texto? Respondo-lhe que tem tudo a ver, e explico o porque:

A vida é o dom mais precioso que Deus lega à humanidade, depois do Seu Amor e do sacrifício vicário do Cristo no madeiro, deste modo, temos por dever aplicar todo o zelo e carinho na existência que temos o privilegio de receber de Deus. Com a vida que nos é legada, Deus também concedeu-nos um manual de instruções, a sua Lei. A Lei é imutável, assim como Deus o é, porém nós, pela depravação completa em que nos encontramos, somos provocados a mudar quando somos tocados por Deus e Seu amor, e somos mudados permanentemente pela obediência aos Seus princípios, Sua legislação. Mudados somos da visão do desgoverno e da anarquia espiritual para a ordeira vida junto a Deus, que exige que nos reformemos diariamente para estarmos dentro da vontade do Senhor. Deste modo, afirmo que só há mudança quando estamos vivos, nascidos da água e do espirito, vivendo junto ao Senhor, no número dos seus. Só assim há mudança, só assim há vida.
Deus muda nossa vida para que cada vez mais entendamos que ele é o Senhor, que ele não será conivente com os nossos caprichos, e que sempre nos amparará quando real necessidade apresentarmos, e, quanto maiores as necessidades, maiores, sem duvida, serão as mudanças.
Deus sempre há de mudar nossas vidas, para que da melhor forma, ela possa ser vivida.
Que a paz seja convosco, em nome de Jesus.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Intermission - Por que é diferente ser Protestante e ser "evangélico".

Graça e Paz a todos os que por aqui passam.

Hoje não preciso escrever. Vou postar 2 vídeos que falam por si próprios.

1 - Panorama da Cristandade no Brasil:




2 - Por que o Arminianismo, Confissão Positiva, Teologia da Prosperidade, Pentecostalismo e suas línguas enrolantes não fazem o menor sentido diante do Cristianismo Reformado (fruto da reflexão e investigação intelectual):




Simples, não?

Fiquem em Paz.

domingo, 28 de julho de 2013

Comentários ao Livro Seitas e Heresias do Pr. Raimundo de Oliveira - Capítulo 1

Graça e Paz aos leitores que por aqui aportam.

Dando sequência a postagem anterior, farei uma breve síntese do primeiro capítulo da obra mencionada e tentarei - dentro das minhas evidentes limitações - comentar os postulados do autor, bem como seus fundamentos.

Pois bem.

Neste capítulo inaugural, o autor aborda o segmento religioso predominante no Brasil, que é o Catolicismo Romano (ICAR), apresentando seus postulados fundamentais - revindicação da primazia como verdadeira e única Igreja de Cristo na Terra, Papado, Mariolatria, et al - fazendo uma descrição breve da história daquela Igreja, apontando conexões com os desvios cometidos pela mesma, os quais, segundo o autor, desaguaram em paganização paulatina, idolatria e busca desenfreada por poder representada pelos diversos cismas ocorridos no seio daquela instituição. Afirma ainda que Pedro não é a pedra fundamental da Igreja, e que a apologética católica promove interpretação absurda ao conceder a este apóstolo importância que o próprio Cristo não concedeu - utilizando inclusive do léxico grego para provar seu ponto de vista - complementando sua exposição com uma gama de versículos bíblicos e uma análise sócio-antropológica da pessoa de Pedro que lhe dissociaria completamente da figura de um "líder terreno quase crístico".

Para o cristão mediano, já há absurdos demais somente no primeiro parágrafo, porém, pasmem: ainda há mais.

Dedica o autor especial atenção a intercessão pelos mortos - pratica comum aos Católicos - mormente na questão do purgatório, que não possui nenhuma espécie de suporte bíblico, missas em memória daqueles, e a oferta de esmolas como "água para reduzir as chamas que consomem o morto sofredor". Trata ainda da pratica mais vil daquela instituição para adequar a Palavra de Deus aos seus objetivos nem sempre tão nobres: a tradição, instituto que ganhou uma relevância maior do que as Escrituras no seio Católico, somente comparável a adoração a Maria, mãe de Jesus Cristo, que através da elasticidade teológica da Igreja Católica, de partícipe da vinda do Cristo à Terra para redenção da humanidade, passou a protagonista, tomando-lhe o múnus intercessório junto a Deus para si.

Estes são os pontos deste capítulo que, em apertada síntese, creio serem os mais relevantes. Passo a analisar-lhes o mérito. 

Em princípio, tomo por procedente em boa parte a exposição feita pelo autor acerca da ICAR, principalmente no que tange a sua teologia desencontrada e pouco sólida se analisada exaustiva e unicamente à luz das Escrituras. É de se louvar que todo o argumento esposado pelo autor foi acompanhado de citações encadeadas de versículos bíblicos, não deixando margem para que se confirmasse o que já era esperado: a ICAR vive ao sabor dos próprios pensamentos, neste caso, dos pensamentos da Cúria e do Papa e não tendo por guia a Palavra de Deus. Como é cediço, tal comportamento não é lícito ao Cristão apud Ef 4:17, e somente isto já o é suficiente para que caiam por terra todas as milhares de ramificações sem fundamento bíblico qualquer que existem dentro da ICAR, a começar pelo próprio papado.
Entendo, SMJ, que a ICAR abdicou da cristandade há muito, e, pasme, não se envergonha disso, pois, mesmo ciente de que não se trata mais de uma Igreja Cristã - muito embora fale de Cristo - ela se satisfaz em si mesma, e ensimesmada vive ao sabor da vaidade de sua mente, entenebrecida no entendimento, e, dentro de seus suntuosos palácios, completamente afastada da realidade da Palavra de Deus.

Vou dedicar a próxima postagem aos pontos que acho mais relevantes da "obra" da ICAR: a Mariolatria e a Tradição como fonte teológica. Estou certo de que estes pontos são os mais intrigantes para qualquer Cristão que já ouviu a tal "Ave Maria..." e se perguntou onde cargas d'água está escrito isso na Bíblia, já que o Pai Nosso está em Mt 6:9.

Concluo, por ora, citando Ef 4:15 - Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo.

Fiquem em Paz.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Comentários ao Livro Seitas e Heresias do Pr. Raimundo de Oliveira - Introdução

Dando sequência aos "cavalos em disparada", propus-me a ler a obra mencionada no título da postagem, que, segundo sua editora (CPAD - Casa Publicadora das Assembleias de Deus), é um verdadeiro Best Seller. Este comentarista realmente não duvida disto, afinal, se há sensacionalismo no meio Cristão, ele se dá quando nos colocamos em posição de "avaliar" (julgar seria melhor, mas Lc 6:41 lembraria a todos que não devemos julgar a nada e nem ninguém, vez que nossos olhos encontram-se travados, coisa que a cristandade em geral se olvida) a crença ou prática alheia.

Aliás, antes de explicar a metodologia que utilizarei para avaliar a obra, quero abrir um parêntese para expor alguns pontos que acho relevantes quando avaliamos as práticas alheias arvorando-nos como cristãos e salvos. Primeiro, é de se notar que todas as denominações cristãs (protestantes históricas e tardias, pentecostais, neo pentecostais et al), postam-se como donos da verdade e da senda salvífica, não só perante o mundo, mas também uns em relação aos outros, quando na verdade, duas coisas são sólidas como rocha e verdadeiras como a alvorada: Deus sabe quem ele irá salvar e quem se importa com a salvação é só quem a busca, logo, creio ser temerário "avaliar" o outro sob uma ótica salvífica se por primeiro, só Deus sabe quem será salvo e em segundo escarnecer do outro porque ele não está preocupado tanto quanto você com a salvação. Segundo, mas não menos importante, Jesus Cristo era a Palavra de Deus encarnada (Jo 1:14), e como tal, apresentou-nos uma mensagem de extremo amor e tolerância. A avaliação feita pela cristandade em geral acerca daqueles que não comungam de seus pensamentos, ou que até creem mas não seguem sua linha de raciocínio é de extrema intolerância, incapacidade de compreensão e falta de vontade de descobrir porque tais primados tão distintos dos defendidos pelo "avaliador" cristão falaram tão fundo no espírito daquele antagonista provocando-lhe a metanóia. Li esta obra justamente em respeito a estes dois pontos, os quais considero fundamentais na minha vida e prática cristã diária. Não há cristianismo sem tolerância e sem digressão intelectual dos argumentos postos a debate, tendo a Bíblia como referencial, evidentemente.

Cada capítulo do livro renderá uma postagem com uma síntese do capítulo e minhas impressões quanto a capacidade do autor em expressar suas idéias e defendê-las, além de oferecer contrapontos fundamentados na Bíblia e na realidade de alguns fatos que entendo desconhecidos ao autor da obra. Adotarei esta metodologia para que a coisa não fique enfadonha.

Bem, aproveite a leitura e que eu possa trazer a quem lê o esclarecimento necessário para que convivamos em paz.

Fiquem com Deus.

terça-feira, 23 de julho de 2013

O que será que nós queremos com Deus, afinal?

Título sugestivo, porém, auto-explicativo.

O título é adequado para provocar uma reflexão séria e honesta sobre o que nós realmente desejamos da figura do Criador. Longe de mim ser arminiano e dizer que Deus faz tudo o que eu quero na hora em que eu quero porque Ele me ama - aliás, ouso dizer que isso soa um tanto ridículo, quando falamos de quem detém todo o Poder, Honra e Glória - porém, a partir de minhas observações do cotidiano, posso afirmar que as pessoas realmente não estão interessadas em quem é Deus e sim no que Ele pode dar a nossa vida aqui, no mundo.

Na madrugada de domingo para segunda fui com minha esposa ao pronto-socorro. Ela sentia fortes dores no peito e ficou em observação enquanto era medicada. Durante tal tempo, ficamos expostos à "programação doutrinária" da IURD no televisor da sala de repouso. Não precisa ser Calvinista, teólogo, apologeta ou especialista para notar que a Bíblia passou longe dali. Basta ter bom senso.

Não digo que não existam pessoas ali que legitimamente postulam um conforto às suas aflições junto ao Senhor, pois a Verdadeira Igreja (e a presença de Deus) se estabelece com a reunião de dois ou mais em nome do Senhor (Mt 18:20) e não com as instalações físicas da mesma, e não somos pedra de esquina ou desprovidos de trave nos olhos (Lc 6:41) para dizer quem ali tem fé ou não no Senhor, porém o que mais intriga são as motivações diversas que levam milhares aos "congressos empresariais" ou "congressos para o sucesso" que a IURD realiza toda segunda-feira com seus 318 pastores fazendo proselitismo de interpretações pouco sustentáveis de trechos da Palavra, porém que são como verdadeiro bálsamo para as aflições mais comuns daqueles que possuem a fé dentro de si tal qual pedra rugosa, necessitando de lapidação adequada.

Ao longo de 3 horas, repetiram-se à exaustão primados como "revolte-se contra sua situação", "ensinaremos como usar sua fé para mudar sua vida financeira", "seu emprego não te paga o suficiente porque não é abençoado", "seu negócio não prosperou porque Deus não te deu a visão ampla do que vai ser benção pra você", entre outras pérolas. Mas o esforço maior não era "vender" a idéia de que a fé é consectário lógico da prosperidade, e sim de que todas as visões críticas acerca das práticas nada usuais da IURD são, na verdade, preconceito. Sim, caro leitor, preconceito, como se eles fossem o povo da aliança dos novos tempos, perseguido por egípcios, neemitas e outros "itas", escondidos nas outras denominações religiosas, portadores do "canal direto de benefícios do criador" e que se existem articulistas como este que vos fala, que não concordam e acham tais procedimentos um exemplo claro de aberração, o fazem porque não conseguem desfrutar dessa "exclusividade". Nada poderia ser mais vazio.

Acho que, neste caso, citar todos os versículos bíblicos que regem nossa relação com o Criador seria desnecessário e pouco prático, pois quem tem conscência da relação pessoal com Deus e sua função em nossas vidas, sabe que Ele não é afeto às coisas do mundo, e, para tanto, deixou-nos claro que nos proveria o que necessitassemos (Mt 6:25-33), desde que nós buscássemos o Reino dos Céus, para que nos fosse acrescentado tudo aquilo que nos é de fato necessário. No comando bíblico temos uma premissa clara: nosso foco é o Reino dos Céus, a SALVAÇÃO. O que nos é acrescentado materialmente aqui, ao talante do Criador, é porque ele entende que nos é necessário para cumprir Seus propósitos.

Por fim, repito, tal qual um "mantra", o que diz a Palavra em João 16:33: Tenho vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.

Ninguém disse que seria fácil ou velozmente abrandado, conforme a nossa conveniência. Tudo o é de acordo com a Glória do Senhor.

Diante disso, pergunto: o que você quer com Deus, afinal? A resposta, Ele já sabe desde antes da criação do mundo.

Fiquem em paz.